É estranho.

E estranho escrever, porque às vezes as pessoas não entendem o que a gente quis dizer e aquilo que elas entendem, embora não tenha sido o que a gente escreveu, ainda assim faz sentido.
Aí eu me pergunto: o texto é de quem escreve ou de quem lê? Acho que é um pouco de cada. Cada um que lê vê ali o seu texto, mas não o texto que escreveu, mas aquilo que o texto falou para ele é só dele.
É confuso, apesar de que a gente não escreve para confundir, quero dizer, às vezes escreve. Às vezes a gente escreve para ninguém mais entender, às vezes para todos entenderem e às vezes para alguns entenderem. Às vezes é óbvio, mas não o óbvio ululante. Às vezes oculto, mas não totalmente. Às vezes complicado e às vezes bem fácil.
O problema é que no sótão de cada pessoa há macaquinhos diferentes. Alguns têm centenas de sagüis fazendo uma tremenda balbúrdia, outros apenas um gorilão que já dá conta de todo o estrago. Então, cada louco projeta sua loucura sobre tudo que vê, sobre tudo que lê. E muitas vezes os macacos de quem escreve não são compatíveis com os de quem lê. Muitas vezes babuínos não entendem língua de orangotango.
Aí, quem escreve tem que saber que o outro vai enxergar outra coisa e escrever com cuidado se quiser ter cuidado ou escrever de uma vez, doa a quem doer.

Originalmente publicado aqui em 02/05/2008.

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